Enquanto Suécia fecha prisões,Brasil sofre com falta de vagas



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Mais de 500 mil pessoas estão atrás das grades no Brasil
PUBLICADO EM 15/11/13 - 03h00
ESTOCOLMO, Suécia. A Suécia anunciou nesta semana que está fechando quatro de suas unidades prisionais. O motivo é surpreendente para ouvidos brasileiros: há falta de detentos. Ao contrário do Brasil, onde a taxa de encarceramento subiu 10% entre 2011 e 2012 (dados da 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública), a Suécia, que já estava com suas prisões esvaziadas, comemorou, nesta semana, uma queda de 6% no mesmo período.

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Apesar de surpreendente, a celebração sueca não é uma notícia isolada. A Holanda também segue a tendência. Prisões do país já foram transformadas de prejuízo em lucro para a economia: uma delas virou um hotel de luxo. Em setembro, o Ministério da Justiça do país anunciou o fechamento de oito presídios.

Explicação. A queda no número de presidiários na Suécia tem duas explicações principais: a diminuição no número de crimes e revisões judiciais que buscam penas alternativas. Duas prisões serão vendidas e outras duas emprestadas dentro do próprio governo. Essas poderão voltar a funcionar como presídios, caso seja necessário.

O responsável pelo sistema prisional do país, Nils Öberg, explica que, desde 2011, os tribunais de justiça passaram a encarcerar menos os condenados por venda ou uso de drogas. De acordo com Öberg, isso provocou que 200 pessoas a menos estivessem presas em março deste ano do que em 2012.

Porém, a taxa de encarceramento na Suécia vem caindo desde 2004. Mas, entre 2011 e 2012 a queda foi de 6%, valor que deve ser repetir esse ano, de acordo com as estimativas de Öberg.

Contramão. Porém, de acordo com o Centro Internacional de Estudos das Prisões, não é só o Brasil que está na tendência contrária da Suécia. A Turquia, por exemplo, vai construir 207 novas prisões nos próximos cinco anos. No Brasil, entre 2010 e 2012, o número de encarcerados cresceu 10%.

Estados Unidos, cujo governo federal recentemente criou normas para afrouxar o encarceramento nos tribunais federais, continua o país mais aprisionado do mundo, com mais de 2 milhões de detentos.
Suécia teve 95 homicídios no último ano
Estocolmo. As comparações entre os dois países não param no número de detentos no sistema prisional de cada um. As taxas de homicídio estão muito distantes, mostrando que o problema da superlotação das prisões brasileiras começa nas ruas.

Segundo a 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ocorreram mais de 50 mil assassinatos em todo o Brasil no ano de 2012. Isso representa um aumento de 7,6% em relação a 2011. Na Suécia, por outro lado, 95 pessoas perderam a vida no mesmo ano.

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