Desrespeito: cidadãos denunciam a grave situação de idosos que vivem em vulnerabilidade social na cidade de Patos


 
A situação de abandono social de muitas pessoas da chamada Terceira Idade está sendo alvo de críticas aos poderes públicos por parte de cidadãos comuns e de representantes do próprio Conselho Municipal da Pessoa Idosa.
A reportagem atendeu ao chamado da senhora Ângela Maria, proprietária de um pequeno restaurante no Terminal de Integração de Passageiros, Centro de Patos, que presencia constantemente episódios de idosos e indigentes entregues à própria sorte no local que sediou a Rodoviária Municipal. Ângela disse que no local agora é cena comum presenciar pessoas idosas e até indigentes precisando de ajuda. “Eu tenho visto idosos abandonados aqui na Rodoviária. Permanecem porque não têm uma moradia, não têm família, são abandonados aqui! É permanente a estadia deles aqui. Faço questão de relatar pra ver se as autoridades tomam alguma providência”, relata Ângela.
Uma das pessoas que estão constantemente no Terminal de Integração de Passageiros, órgão da Prefeitura Municipal de Patos, é o cidadão conhecido por “Besouro” que na verdade chama-se Carlos Alberto da Silva, 49 anos. Carlos foi encontrado deitado em um dos bancos que serve de apoio para os passageiros do terminal que é frequentado durante a noite por estudantes universitários de toda a região. Perguntado pela reportagem onde mora, ele respondeu: “Moro aqui na Rodoviária”. Carlos Alberto está como indigente, pois não tem nenhum documento e disse que seus familiares o abandonaram tendo apenas um irmão no Bairro Matadouro.
Carlos relatou que dorme no banco do Terminal e que não toma banho, pois não tem onde fazer isso. Sobre a alimentação, ele disse que só come quando as pessoas colaboram com ele. Algumas pessoas que trabalham no Terminal de Integração relataram que Carlos Alberto sofre com ataques de epilepsia.
Sebastião Horácio, 72 anos, popularmente conhecido por Boêmio, também está constantemente no Terminal de Integração. Ele confessou que mora sozinho e que tem problemas de saúde. Boêmio disse que sofre de problemas intestinais e tem diabetes. “Todo dia eu estou aqui na Rodoviária. Quem quiser vir falar comigo eu estou aqui!”, confessa Seu Sebastião.
Outro caso emblemático é o da senhora Severina Gomes, 80 anos, que é muito conhecida pela presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa, Francisca Vasconcelos. Dona Severina vive perambulando pelas ruas e encontra dificuldade para raciocinar e se expressar adequadamente sobre a sua situação de vulnerabilidade social.
Em visita ao Centro Dia do Idoso Luzia Soares, localizado na Rua Lima Campos, Bairro das Placas, em Patos, e que está na responsabilidade da Prefeitura Municipal de Patos, a reportagem encontrou o prédio abandonado e com o muro caído. O espaço é destinado para receber idosos em situação de vulnerabilidade social ou debilitados durante o dia, mas está de portas fechadas desde o final de 2014.
Na Rua Pedro Firmino, Bairro Centro, a reportagem encontrou o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua. O Centro POP recebe o nome Dona Nenzinha Cunha Lima e foi aberto para, como o nome diz, receber pessoas em situação de rua, mas de acordo com informações não está funcionando adequadamente. O local poderia estar atendendo Carlos Alberto da Silva, Severina Gomes, dentre outros com casos semelhantes.
Francisca Vasconcelos fez duras críticas sobre as políticas públicas ao idoso no Município de Patos. De acordo com Francisca “o estatuto do idoso está sendo queimado praticamente”. A conselheira tornou público que recebe denúncias das mais variadas sobre problemas com idosos. “Os locais que poderiam estar acolhendo esses idosos estão fechados, por exemplo o Centro Dia do Idoso! Eu ‘tô’ com idosos que faziam parte do Centro Dia do Idoso morrendo, sendo internado, sofrendo, depressivos e eu visito todos os dias idosos desses e vou vendo a situação e não sei o que fazer. Eu não posso abrir o serviço sem ter condições de trabalhar! Outras casas que foram abertas têm funcionários e não funcionam. Tem casas funcionando entre aspas”, desabafou Francisca.
Em contato telefônico com a secretária de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Patos, Helena Wanderley, a reportagem foi informada de que os locais estão fechados devido à espera de trâmites burocráticos para aquisição de material através de licitação. A secretária relatou que as questões podem ser resolvidas nos próximos 15 dias e tudo voltará à normalidade.


Jozivan Antero – Patosonline.com


OUÇA entrevista com Sebastião Horácio, Carlos Alberto, Severina Gomes, Ângela Maria e Francisca Vasconcelos:

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