O programa de Nilvan Ferreira, na Arapuan, caminhava para um final morno e insosso, quando de repente, não mais que de repente, tocou o telefone e, do outro lado da linha, o vereador Felipe Leitão apresentou-se:
-Alô Nilvan, aqui é Felipe Leitão.Encontro-me em Camboinha recarregando as energias e fiquei sabendo que você disse coisas de mim aí no programa. Gostaria de saber o que foi.
Nilvan responde:
-Não foi dito nada demais, vereador. Apenas foi comentado a sua saída do Solidariedade”.
Felipe confirmou, disse que estava deixando a sigla e sendo seguido por vinte e tantos amigos que também se desfiliaram. Mas insistiu:
-Mas vocês fizeram chacota comigo.Disseram que eu era um vereador improdutivo.
Nilvan voltou à carga:
-Vereador, já que o senhor faz questão de dizer-se produtivo, diga aí cinco projetos importantes para a cidade que o senhor apresentou nos últimos quatro anos.
-Vou dizer um -, prontificou-se Felipe. Nilvan insistiu em cinco.Ele concordou em enumerar quatro:
-Apresentei um projeto oficializando o sabugo como o substituto natural do papel higiênico, outro que dá bolsa de estudo para aluno pobre estudar em faculdade particular, outro que já entrega produto mastigado ao povo, só restando engolir e o último que manda as repartições acenderem luzes amarelas para advertir sobre os perigos da hepatite viral.”
Aí Nilvan apoquentou-se:
-Como é que o senhor não se envergonha de passar quatro anos na Câmara e apresentar um projeto obrigando as repartições, em pleno mês de julho, acender luzes amarelas?
-Você quer desmerecer a hepatite viral?
-Não quero desmerecer nada. O senhor tá em Camboinha no bem bom, sem se lembrar dos seus eleitores da periferia.
-E você é um toqueiro, recebe dinheiro de Benjamin Maranhão.
-Prove!
-Eu tava na casa de Benjamin quando ele lhe chamou pra lhe pagar. Você pega dinheiro de todo mundo.
-E você passou um xexo nos eleitores. Comprou votos por 60 reais e não pagou.Lembra do potinho de ouro?
-Toqueiro!
-Xexeiro!
Aí o programa saiu do ar sem os tradicionais boa tarde e até logo do querido Nilvan, como se João Gregório tivesse mandado acabar com o chafurdo.
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