Cuspindo na cara do povo!

Luiz Gonzaga Lima de Morais 
          Os vereadores patoenses deram mais uma vez demonstração de que não têm o menor respeito pela comunidade que dizem representar. Ao derrotar um projeto de iniciativa popular subscrito por mais de quatro mil eleitores, deram uma demonstração cabal desta falta de respeito. Imaginem quatro mil eleitores nas ruas numa manifestação contra ou a favor de qualquer coisa. Será que eles tinham coragem de subir num palanque, numa carroceria de caminhão ou mesmo um tamborete e dizer aos quatro mil manifestantes que não atenderiam ao que eles estavam pleiteando? Na sessão em que iam votar contra o projeto de iniciativa popular estavam com tanto medo que pediram proteção policial. Mas uma coisa que chamou a atenção dos que acompanham o dia-a-dia da nossa Câmara foi a mudança de voto de alguns vereadores. Vereador que faltou na sessão em que o projeto de mudança de nome foi aprovado, disse a mim que se estivesse na Câmara não teria votado a favor do projeto e agora “cagou na rabichola” e votou contra o projeto de iniciativa popular. Outros vereadores que também diziam que iam aprovar o projeto de iniciativa popular na hora agá votaram contra. O que todo mundo pergunta é por que esta mudança de posicionamento destes vereadores. Que argumentos morais, sociais ou financeiros fez com que mudassem de ideia? Muita gente diz que rolou dinheiro nesta história. Mas aí fica outra pergunta: quem teria pago a eles?
         Nos comentários que fizeram ao artigo de José Augusto Longo, quando de sua publicação no Patos Online, pinçamos um deles muito interessante: “Para leis ruins, desobediência civil. E' só' continuar usando o nome Vidal de negreiros...” Ou seja, quem não concordar com o novo nome é só continuar utilizando o nome antigo. Há inclusive um exemplo que fez história em nossa cidade. Na década de cinquenta, salvo engano, mudaram o nome rua do Prado para Coronel Antônio Pessoa. Só que, moradores e comerciantes da rua continuaram a usar o nome antigo e o nome novo foi esquecido por todos. Em consequência disso, no final da década de sessenta, a Câmara de Vereadores restaurou o nome que até hoje aquela rua ostenta. Quem nasceu ou chegou a Patos nos últimos quarenta anos não sabem nem onde ficava esta rua que continua como Rua do Prado.
          O próprio tempo se encarregará de corrigir a falta de respeito que nossos vereadores tiveram para com o primeiro projeto de iniciativa popular apresentado em nossa Câmara, subscrito por quatro mil eleitores. No dia em que os patrocinadores da mudança do nome da rua Vidal de Negreiros forem “varridos” da Câmara alguém votará para que retorne ao nome tradicional. Isto, se a Justiça, não anular a lei que provocou a mudança que é simplesmente inconstitucional, já que lei anterior proibia a mudança de nomes e foi derrogada no mesmo projeto que fez a mudança atual. Ou seja antes de ser sancionado o direito de mudança, fizeram uma mudança.
         Com relação ao poder de uma iniciativa popular, não podemos esquecer a Lei da Ficha Limpa. Uma Lei que todo mundo hoje elogia pela limpeza que está fazendo no mundo da política originou-se de um projeto de iniciativa popular subscrito por apenas um milhão e seiscentos mil eleitores. Foi em respeito a estes um milhão e seiscentos eleitores que o Congresso aprovou a matéria, mesmo sabendo muitos dos parlamentares que mais na frente seriam punidos com base nesta mesma Lei. Mas afinal, apesar de centenas de picaretas que lá têm assento, o Congresso Nacional merece mais respeito do que os nossos subservientes vereadores.

(LGLM)


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